“Aquilo que a verdade descobrir não pode contrariar aos livros
sagrados, quer do Antigo quer do Novo Testamento.” (Santo Agostinho)
Imagem: Google.
A Filosofia Medieval surge com a
Patrística, Filosofia dos padres da Igreja, no século II d.C., período em que
há o declínio do Império Romano, e, ao mesmo tempo, a expansão do Cristianismo.
Como a religião cristã é uma religião essencialmente missionária, isto é, tem
como propósito a cristianização, a pregação das Sagradas Escrituras, os
clérigos criaram a Apologética, a saber, a apologia ao Cristianismo. Para tanto
recorreram à Filosofia platônica e acabaram por produzir uma síntese entre a
Filosofia platônica e a doutrina cristã.
O principal nome da Patrística foi
Santo Agostinho. Se utilizando da Filosofia Platônica, Santo Agostinho traça o
seguinte paralelo: o mundo das ideias, exprime a perfeição e seria equivalente
às ideias divinas, que exprimem a verdade; e o mundo sensível, cópia imperfeita
do mundo inteligível e seria equivalente às ideias mundanas, que são as opiniões.
Se, para Platão, o Sol ilumina a ideia
de Bem, para Santo Agostinho, Deus ilumina as verdades eternas. Segundo a
teoria de iluminação de Santo Agostinho, o homem recebe de Deus o conhecimento
das verdades eternas: tal como o Sol, Deus ilumina a razão e torna possível o
pensar correto. Neste ponto, podemos perguntar se qualquer homem terá a sua
razão iluminada por Deus.
Certamente não, mas somente aquele que
crê, que tem fé. Assim podemos entender a expressão agostiniana: “Credo ut
intelligam (Creio para que possa entender).” Desse modo, a razão é
considerada auxiliar da fé e a ela subordinada.
Em suma, do século II ao século IX, a
chamada Alta Idade Média, foi o período em que predominou a Patrística: os
padres da Igreja retomavam a cultura antiga de modo a adequar o conhecimento
até então produzido às verdades teológica. Do século X ao século XIV, a chamada
Baixa Idade Média, temos a Escolástica: que é a Filosofia cristã propriamente
dita, já que a Filosofia do período patrístico era a Filosofia denominada
greco-romana, ou Filosofia da Antiguidade tardia.
De modo geral, podemos dizer que, apesar da
razão ser considerada “serva da Teologia”, no século XI, com o renascimento
urbano, surgem diversas universidades por toda a Europa. Nos debates
filosóficos, a razão parece ganhar certa autonomia.
Portanto, nesse momento, a Filosofia de
Aristóteles, que antes era vista com desconfiança, tida como perigosa para a
fé, é retomada por São Tomás de Aquino. Este, por sua vez, procura adaptar tal
Filosofia à Escolástica, criando o que passou a ser conhecido como Filosofia
Aristotélico-Tomista. São Tomás de Aquino escreveu a Suma teológica, na qual as
questões de fé são abordadas pela “luz da razão” e a Filosofia como o
instrumento que auxilia o trabalho da Teologia.
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