Quando a liberdade vira libertinagem! Pais e mães dão liberdade demais
aos filhos e ao chegar na escola, se negam a cumprir tarefas simples de sala de
aula, e acabam até agredido professores por discordar de metodologias e as
vezes até por não aceitar nota baixa.
Em 2017, A agressão à professora Marcia
Friggi, reabriu o debate sobre a violência contra os professores em sala de
aula. Entretanto, o retrato da violência contra os docentes deixa o Brasil fora
de foco. Os dados globais mais recentes colocam o país como o mais violento
contra esses profissionais. Além disso, estudiosos do tema apontam que faltam
levantamentos internos que promovam o diagnóstico do problema.
Uma pesquisa feita em 2015 pelo Sindicato dos Professores do Estado de
São Paulo (Apeoesp) apontou que 44% dos docentes que atuavam no estado disseram
ter já ter sofrido algum tipo de agressão. Entre as agressões que 84% dos professores
afirmam já ter presenciado, 74% falam em agressão verbal, 60% em bullying, 53%
em vandalismo e 52% em agressão física. No período em que a pesquisa foi feita
a cidade de São Paulo era governada por Fernando Haddad.
Para a socióloga Miriam Abramovay, especialista em violências nas
escolas e juventudes, é significativo a falta de dados sobre o tema.
"Praticamente nunca foi feito nenhuma pesquisa específica só com os
professores. Isso mostra que o tema não é prioritário, como se a violência não
tivesse impacto no ensino, no aprendizado e no cotidiano da escola",
afirma.
Brasil é o Nº 1 no ranking da violência contra professores
Uma pesquisa global da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) com mais de 100 mil professores e diretores de escola do
segundo ciclo do ensino fundamental e do ensino médio (alunos de 11 a 16 anos)
põe Brasil no topo de um ranking de violência em escolas. O levantamento é o
mais importante do tipo e considera dados de 2013. Uma nova rodada está em
elaboração e os resultados devem ser divulgados apenas em 2019.
Na enquete da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), 12,5% dos professores ouvidos no Brasil disseram ser vítimas de
agressões ou de intimidações de alunos pelo menos uma vez por semana.
Trata-se do índice mais alto entre os 34 países pesquisados - a média
entre eles é de 3,4%. Depois do Brasil, vem a Estônia, com 11%, e a Austrália
com 9,7%. Na Coreia do Sul, na Malásia e na Romênia, o índice é zero.
A Impunidade
A pesquisadora Rosemeyre de Oliveira, da PUC-SP, atribui a violência nas
escolas à impunidade dos estudantes. “O aluno que agride o professor sabe que
vai ser aprovado. Pode ser transferido de colégio - às vezes é apenas suspenso
por oito dias”, diz. “Os regimentos escolares não costumam sequer prever esse
tipo de crime. Aí, quando ele ocorre, nada acontece.”
Para as vítimas, no entanto, as consequências costumam ser severas.
Rosemeyre investiga o trabalho dos professores readaptados – aqueles que foram
afastados da sala de aula e reinseridos em outra atividade escolar, como na
secretaria ou na biblioteca. “A maior parte precisa deixar de atuar nas classes
porque tem estresse pós-traumático. Há docentes que foram baleados por alunos,
agredidos ou ameaçados”, explica. “Quando assumem outras funções, as vítimas
são vistas com preconceito até pelos próprios colegas.”
Rosemeyre, inclusive, é professora readaptada em um colégio estadual da
periferia de São Paulo. Ela deixou de atuar em sala de aula quando foi
ameaçada, em 2009, por um aluno de Mnsino Médio. “Tentei voltar para o trabalho
várias vezes, mas não conseguia. É progressivo. Sofria antes de ir à escola.
Era afastada pela psiquiatra, a licença terminava e eu não me sentia capaz de
retomar o trabalho. Até que desisti. Fui readaptada em 2012. Hoje, trabalho na
secretaria”, conta. “A vítima se sente cada vez mais excluída. Eu ainda
direcionei isso para a pesquisa acadêmica, para mostrar pelo que a gente
passa.” Afirma Rosemeyre.
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